“Se você pensar em educação no passado, ela se parecia com um telefone. O telefone tocava e, do lado de lá, alguém atendia e falava, enquanto de cá se ouvia….
Se olharmos o telefone nos dias de hoje, ele é um exemplo altamente integrado, multifuncional e sofisticado de convergência de diferentes tecnologias e diferentes necessidades intelectuais de seu usuário. CLIL é como o smartphone da educação de hoje. Trata-se de uma forma muito mais sofisticada de aprender idiomas e conteúdo acadêmico”.
Possivelmente, essa definição dada pelo Dr. David Marsh seja a melhor para o que, em sua essência, significa Content and Language Integrated Learning (Aprendizado Integrado de Conteúdo e Língua). O professor Marsh trabalha com multilinguismo e educação bilíngue desde a década de 1980. Ele fez parte da equipe que conduziu o trabalho de base que levou ao lançamento do termo CLIL em 1994.
Utilizando CLIL, os estudantes aprendem um ou mais conteúdos escolares (por exemplo: geografia, artes, matemática, ciências) ‘por meio de’ e ‘associados a’ uma língua alvo, na maioria das vezes o inglês. Em outras palavras, eles aprendem o idioma que precisam para estudar, ao mesmo tempo que se engajam no aprendizado de conteúdos acadêmicos.
Aprender conteúdo e aprender um novo idioma são objetivos igualmente importantes. Ambos são elementos curriculares primordiais para os estudantes e são desenvolvidos e integrados de forma constante. No longo prazo, os estudantes aprendem tão bem – senão melhor – quanto os estudantes que estudam o conteúdo e o idioma em turmas separadas.
Estamos falando, portanto, de uma mudança de foco na sala de aula. Há um substancial incremento na participação e na produção, individual e coletiva, dos estudantes de modo a garantir maior engajamento nas experiências de aprendizado propostas. Por exemplo, ao utilizarem a língua materna para ensinar, os professores podem dizer aos estudantes tudo o que querem que eles saibam, e os estudantes, por sua vez, são capazes de compreendê-los.
Porém, quando eles ensinam o conteúdo em um novo idioma, isso não é automaticamente possível. Por essa razão, os educadores têm que mostrar aos estudantes como acessar informações por si próprios e como trabalhar e conversar juntos para descobrir novas ideias, de modo a tornarem o uso da língua parte do processo de aprendizagem.
A professora Do Coyle - autora e especialista na metodologia CLIL - ressalta a importância de estabelecermos muito claramente o que não é CLIL: “nunca se trata de tradução direta, puramente. Se, por exemplo, estivermos ensinando um tópico em português, não se trata de simplesmente traduzirmos tudo o que se diz para o inglês, uma vez que, nessa abordagem, esse tipo de trabalho não se sustenta. O trabalho é voltado ao aprendizado, e o aprendizado está intimamente relacionado à construção de significado”. Portanto, essa construção deve emergir da língua que se está usando.
No TB, adotamos CLIL como escolha pedagógica não apenas para atendermos às necessidades das escolas do Brasil, mas especialmente pelos benefícios que essa abordagem proporciona aos estudantes:
foco em quatro pilares especiais: CONTEÚDO (o assunto em si), COMUNICAÇÃO (usar a língua de forma eficaz), COGNIÇÃO (habilidades de pensamento - como aprendemos) e CULTURA (compreender a nossa própria cultura e a sua relação com outras culturas);
introdução de novos conceitos por meio do estudo do currículo em um idioma não nativo;
melhora no desempenho dos alunos tanto nas disciplinas curriculares como na língua alvo;
aumento na confiança dos estudantes na língua-alvo e na língua materna;
disponibilidade de materiais que desenvolvem habilidades de pensamento crítico desde o início;
criação de vínculos mais fortes com valores de comunidade e cidadania;
tornar a disciplina curricular o foco principal dos materiais de aula.
Por meio dessa metodologia, os professores encontram diferentes formas de ajudar os aprendizes a aprender. Preparamos, portanto, os nossos estudantes para o mundo moderno, onde as pessoas trabalham em equipes de projetos, utilizam o inglês para falar com vários colegas e se comunicam com pessoas de diferentes países, resolvem problemas, planejam o seu próprio trabalho e descobrem coisas por si próprios utilizando uma variedade de fontes, especialmente a Internet.
Por meio da parceria entre as escolas e o TB, buscamos colaborar com o setor educacional para preparar os estudantes para o mundo do trabalho de hoje e também de amanhã. O que a abordagem CLIL faz, portanto, é trazer aprendizado autêntico para a jornada de aprendizagem dos estudantes desde o início, gradativamente conduzindo-os para se transformarem em falantes competentes do novo idioma.
Thomas Bilíngue for Schools, 18/Dez/2023